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O Risco do Fascismo

Uma análise publicada em março para a versão impressa da revista espanhola La Marea, por David Karvala, ativista da União Contra o Fascismo e o Racismo, da Catalúnia, e do portal En Lluita.

Ação Antifascista

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O Risco do Fascismo

As empresas de seguro sabem calcular o risco de qualquer acidente. Um regime fascista seria mais mortífero e trágico que o pior acidente de carro, mas quase ninguém analisa seriamente esse tipo de risco. As reações típicas ante o fascismo são o fatalismo resignado ou  —ainda mais comumente— a despreocupação.

Isso fica claro nos casos da Grécia e da França.

Na Europa se vê com alarme o avanço, aparentemente imparável, da Aurora Dourada na Grécia. Em alguns casos se chega à “fascipornografia”, uma fascinação mórbida por fotos e vídeos de fascistas, muito distante da análise séria do risco atual. Por exemplo, se difundiram muitas imagens de uma manifestação em Atenas, no último 2 de fevereiro, de supostamente 30.000 nazis.

O jornal grego conservador Kathimerini, a agência AP, e o movimento unitário antifascista da Grécia, KEERFA, concordam que houve menos de 6.000 pessoas nesse ato; preocupante, mas qualitativamente diferente. É possível parar o Aurora Dourada, e o KEERFA está nisso. No último 19 de Janeiro, foi convocada uma jornada de mobilização antinazi, com dezenas de milhares das mais diversas pessoas nas ruas da Grécia, e protestos solidários em meio mundo.

A Aurora Dourada é um perigo; as últimas pesquisas mostram que lhes são outorgado 11,5% dos votos. É vergonhoso que os partidos institucionais imitem sua retórica xenófoba, e é lamentável que alguns dirigentes da esquerda se neguem a construir o movimento unitário antifascista. Mas o risco poderá se contido, se avaliarmos bem.

Na França, o problema frente ao fascismo não é o fatalismo, mas uma negação da realidade.

Em 1981, o Front National (FN) [Frente Nacional] de Jean Marie Le Pen recebeu 0,2% dos votos, mas seguia crescendo. Seu equivalente britânico acabava de se desfazer graças ao trabalho de um movimento unitário antifascista, a Anti Nazi League [Liga Anti Nazista], mas a esquerda francesa não quis fazer nada parecido. Nas eleições legislativas seguintes, em 1986, a FN ganhou quase 10% dos votos e 35 assentos. Hoje varia entre 15% e 20% dos votos, e uma sondagem recente do Le Monde revela que suas ideias têm cada vez mais aceitação. Fica claro que ignorar o risco é perigoso.

Na Catalúnia, foi criada a Unitat Contra El Feixisme i el Racisme [União Contra o Fascismo e o Racismo], que está mostrando sua efetividade contra a Plataforma per Catalunya;  este partido fascista de terno caiu de 2,4% em 2010 para 1,6% nas eleições autônomas de novembro passado.

Em Madri, Valência e Andaluzia… também existem grupos fascistas; gente muito a direita do PP [Partido Popular] que quer eliminar a democracia limitada que temos. Certamente, não vão conseguir seus objetivos rapidamente, mas representam um risco. É necessário avaliá-lo bem e organizar uma resposta. Se isso não for feito, o que nos espera não será o fascismo maquiado de Marine Le Pen, mas o nazismo descarado da Grécia.