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Fórum Social Mundial na Tunísia

Movimento da Desobediência

Movimento da Desobediência

Haraket A’ssyan é um núcleo anarquista da Tunísia que publicou recentemente um manifesto por um boicote ao Fórum Social Mundial. Aqui está a tradução do texto do pessoal.

Claro que podem existir discordâncias, especialmente em alguns contextos regionais, sobre a estratégia de atacar a esquerda falida e os progressistas-reformistas; nós achamos também que nossa energia, internacionalmente, é mais bem gasta minando os valores e os discursinhos difundidos que justificam a naturalidade do capitalismo, e atacando toda e qualquer atividade proposta como alternativa pelos reacionários e nazifascistas. Mas, assim como é importante entendermos e esclarecermos nossas diferenças estratéticas como uma forma de não anularmos mutuamente nossos esforços, é preciso, mais do que isso, exercitar a nossa solidariedade política!

Este é um ótimo manifesto indicando os problemas das propostas progressistas, e como ela acaba por limitar as análise da sociedade aos chavões da cartilha dos partidos-dinossauro e da democracia representativa, excluindo definitivamente o anticapitalismo, o socialismo libertário e a democracia direta da discussão pública.

Vamos nos entender e viva a anarquia!

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https://appelsm.wordpress.com/call/english/

Chamada Mundial SocialAs pessoas querem a queda do sistema

Revolucionárias do mundo,

À ocasião do Fórum Mundial Social, que acontecerá na Tunísia durante Março de 2013, acreditamos que a abordagem reformista liberal optada pela burocracia que organiza o Fórum não irá, de forma alguma, levar a um projeto revolucionário para os povos do mundo. Apesar do evento ser apresentado como uma oportunidade de encontro para as revolucionárias vindas de todos os cantos do planeta, julgamos que o objetivo definitivo, mais precisamente, o colapso do sistema capitalista, não sera levado em consideração.

Este Fórum acontecerá em um momento extremamente crítico da história do mundo; movimentos sociais e revoltas estão varrendo o capitalismo de sua sustentação. A fúria contra o sistema não reconhece fronteiras nem taxonomia geográfica de oriente e ocidente. Os assim chamados estados democráticos estão tão ameaçados por esses levantes quanto as piores ditaduras; a questão a ser examinada é, quais são as forças motoras destas revoltas, da Espanha ao Egito e da Grécia à Tunísia, que estão pondo em risco os estados capitalistas?

A crise econômica não é uma conclusão tirada por “especialistas” e críticos profissionais da área: até mesmo políticos no poder e as oposições a eles admitem que são incapazes de por um fim às ultrajante taxas de desemprego, empobrecimento, má nutrição, doenças e poluição. Os repetidos discursos transmitidos na mídia de massa apenas encorajam as pessoas a se ajustarem a situação e aguardarem resoluções que nunca chegarão. Isso prova que o sistema recorreu às antiquíssimas estratégias de atravessamento e propaganda para conseguir sobreviver uma das muitas de suas grandes crises ao longo da história. Não importa onde e quando, sempre que foram implementadas, essas estratégias só trouxeram devastação e precariedade.

Apesar do repetido cenário de sucessão democrática do poder e eleições como meios de distribuição de poder entre “esquerda” e “direita”, “liberais” e “conservadores”, e apesar dos grandes orçamentos gastos para organizar campanhas midiáticas para promover a ilusão da “transição democrática” e das “liberdades políticas” ou “liberdade de expressão”, somente a desilusão se instala.

O Fórum Social Mundial, que é mantido e financiado por capitalistas e seus afiliados, não é nada além de uma tentativa de convencer as vítimas do sistema capitalistas que as razões inerentes por trás da crise econômica são o assim chamado “Neoliberalismo”, “globalização extrema, “especulação financeira” e aprofundamento da dívida que, eles sugerem, convoca à única alternativa possível: a reforma do sistema que é a própria origem de todos esses males.

Libertários do mundo,

Os miseráveis do planeta estão rejeitando suas realidades cotidianas, se levantando e revoltando; sabem agora que a união e a determinação são as chaves para sua própria libertação e para a libertação da gerações futuras do controle do capitalismo.

Assim como os miseráveis e revolucionários do mundo, temos que continuar a insurreição para conseguirmos liberar nossa existência da garras mortíferas do capitalismo Não existe absolutamente nada mais poderoso que nossa união e determinação para lutar até o último suspiro contra o sistema opressivo.

Boicotamos e nos opomos a esse Fórum não só porque nos recusamos a ter qualquer coisa que ver com as associações burocráticas sindicalistas que organizam o evento, e não só porque a mera participação no Fórum é equivalente a ser parte de um projeto de promoção e instauração de uma colaboração colonialista e submissão social exaltadas pela burguesia, sua mídia e sua mediocridade política, mas também porque nós boicotamos primariamente todo movimento reformista, venha ele da direita ou da esquerda.

Somos os aliados da revolução social.

À medida que a crise se intensifica e se torna mais sentida pelas massas, podemos ver os movimentos de desobediência nascerem por todo o mundo junto com um incessante crescimento de levantes. Essas diferentes crises resultaram em movimentos revolucionários em diferentes países como Tunísia, Egito, Iêmen, Barém, assim como revoltas sociais na Grécia, Espanha, Portugal, Islândia e até mesmo no Reino Unido e nos Estados Unidos.

Libertárias do mundo,

Esse chamado é nosso. É o chamado dos marginalizados, dos desempregados com e sem graduação, os agricultores sem terra, mulheres sem voz, mineradores explorados, todas aquelas que os burocratas do FMS pretendem representar depois de excluí-las das organizações de debates. Nosso chamado é aquele das desobedientes, revolucionárias e de outros movimentos sociais opostos ao sistema capitalista e aos governos autoritários.

Políticos, mídia e ideologias,

Os vendedores de ilusão e medo, disfarçados com seus uniformes reformistas, que pretendem ser contra o sistema capitalista são apenas uma parte desse mesmo sistema. Basta examinarmos os componentes desse Fórum, sua organização burocrática e declarações para percebermos que ele não ataca a essência do capitalismo e que não é nada além de outra tentativa de diminuir a fúria dos bilhões de indivíduos se revoltando contra a fome, a pobreza e a precariedade, cantando um único slogan:

“As pessoas querem a queda do regime”

Esse era o grito cujo eco ressoou da praça Tahir à Wall Street, de Atenas à Túnis, e de Barcelona ao Barém. Esse grito carregou um simples slogan que atemoriza as forças retrógradas, e  exige uma articulação precisa das exatas palavras do slogan:

“As pessoas querem a queda do capitalismo”

O capitalismo é o sistema; um determinado presidente, um partido político, ou um rei, não são mais que guardiões temporários do sistema, e não o próprio sistema. Eles são os dóceis executadores de seus mecanismos, independente da forma do governo que adotam.

Libertárias do mundo,

A mídia de massa sob o controle do capitalismo mundial gasta bilhões para circular a ilusão das transições democráticas. Ela distorce qualquer experiência ou tentativa de auto-organização por trabalhadoras para gerenciar seus próprios recursos porque isso ameaça os principais interesses do capitalismo.

Para conseguirmos nos emancipar hoje, precisamos formar frentes revolucionárias, coordenar nossas ações e lutar efetivamente contra o  regime capitalista mundial. Queremos desencadear transformações reais em nossas sociedades, que devem ser baseadas na autogestão dos recursos.

Fazemos esse chamado a todas forças revolucionárias do mundo, movimentos e organizações de resistência ao capitalismo para unir nosso trabalho internacionalmente contra os estados pseudodemocráticos ou ditaduras, sejam eles seculares ou religiosos, liberais ou conservadores.

O capitalismo é a crise; a queda do sistema é a queda do capitalismo.